segunda-feira, 27 de julho de 2009

Eu

Eu sou a que no mundo anda perdida.
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do sonho, e desta sorte.
Sou a crucificada... a dolorida.

Sombra de nêvoa tênue e esvaecida;
E que o destino amargo triste e forte,
Impele brutalmente para morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber por quê...

Sou talvez a visão que alguém sonhou.
Alguém que veio ao mundo para me ver
e que nunca na vida me encontrou.
Florbela Espanca.

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